Abro a porta e acendo o cigarro. Parou de chover e metade do céu é cinzento e metade é azul. Estranho. É de noite. Nuvens. Correm por cima de mim. E eu fumo. Gotas. Ping. Ping. Caem do céu. Tocam os sinos de uma igreja ao longe. Param os sinos e toca o vento do mundo ao longe. Escuto. O mundo tão grande e tanto medo. Olho para o cigarro e penso na vida. Ping. Lembro-me da morte. O mundo persegue-nos e mata-nos como nós matamos as formigas no quintal. Embora o amemos. Fumo. A alma da humanidade que se esvai lentamente e que o universo puxa com prazer. Ping. As nuvens correm. Frio, agora. Começo a tremer. Frio lembra morte. Outra vez. Não. Apetece-me chorar. Por mim e pelos outros. Mas hoje não. Talvez um dia. Apago o cigarro (Ping) na poça de água. Água mata o fogo. Água do universo mata fogo do homem. Simples. Cruel. Universal. Fecho a porta e o mundo lá fora. Deito-me. Durmo. Talvez amanhã o mundo já não esteja lá. Ping.
segunda-feira, novembro 14, 2005
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